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Rascunhos...apenas rascunhos e nada mais...

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Quando a cabeça não tem juízo...



...a cabeça é que paga...


Tenho andado cansada...bastante cansada até!

Estou a dar aulas (poucas) num dos muitos colégios que existe no Porto, mas as explicações é que me ocupam todo o tempo que tenho.


E à custa de querer abarcar o mundo (das explicações, entenda-se) com os meus dois pequenos braços, a minha rica cabecinha e os meus últimos neurónios estão a dar o berro...


Desde de esquecer-me que não mexi o açucar no café e deitar ainda mais (se primeiro não o conseguia beber porque estava muito forte, depois não o consegui beber porque estava muito doce), passando por perguntar em pleno jantar : - Mãe, não vens para a cama? (convite duvidoso, tendo em conta a quem se dirige) até apanhar autocarros na direcção contrária para a qual tenho de ir, tudo me tem acontecido nos últimos tempos.


É normal que isto seja motivo de risota para aqueles que me rodeiam, mas sinceramente já começo a ter receio das coisas que ainda posso vir a fazer!


Alguns dos objectos que agora não dispenso, como devem calcular, são uma agenda e um bloco de post-its... Onde é que isto vai parar?

Ainda dizem que o corpo é que paga...

O que há em mim é sobretudo cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...


Álvaro de Campos

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